segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Walter Santos quer partidarizar eleição para Reitor da UFPB

A UFPB não depende do Governo do Estado 
para cumprir seu papel
O jornalista Walter Santos publicou matéria no site de notícias de sua propriedade (WSCom), “repercutida” imediatamente em sua coluna, fazendo ilações a respeito de uma possível intromissão do governador Ricardo Coutinho na eleição para reitor da UFPB.

É interessante registrar que a UFPB se tornou de repente objeto de grande interesse do citado jornalista, que vem se notabilizando em “noticiar” e comentar “fatos” que digam respeito à eleição para reitor que se aproxima. 

Aliás, o que não é nenhuma novidade, pois há exatamente quatro anos Santos procedeu da mesma maneira, noticiando e comentando com a mesma “isenção” que pratica hoje, sempre em benefício da atual administração da UFPB.

Intromissão? A pergunta é cabível porque Walter Santos não pertence à comunidade universitária da UFPB, mas age como se a ela pertencesse, tal a ânsia em divulgar fatos, notoriamente relacionados à candidata do reitor Rômulo Polari. 

Não que um jornalista ou qualquer cidadão seja impedido de expressar qualquer opinião sobre a UFPB. Aliás, defendo enfaticamente que não apenas pode como deve, porque, além de um órgão público, trata-se de uma universidade, que deve estar sempre de portas abertas e à serviço da sociedade. Mas, como jornalista e como cidadão o que se espera é que ele trate a instituição com um mínimo de isenção.

Falando nisso, eu não vi, por exemplo, uma linha sequer, nem muito menos qualquer matéria no WSCOM tratando de uma reportagem de grande interesse público e relevância social exibida no Globo Repórter da última sexta-feira tratando de pesquisas científicas com plantas de uso medicinal e tratamentos fitoterápicos.

Essas pesquisas estão sendo desenvolvidas por diversas universidades no país e podem, no futuro breve – algumas já com resultados positivos e práticos, – ajudar a milhões de pessoas com problemas de saúde.

Um dos destaques da reportagem foi o trabalho realizado por um grupo de pesquisa da UFPB com a Milona, uma planta originária da caatinga nordestina, cujo mecanismo de ação é eficaz no combate a doenças respiratórias, entre elas, a asma. Entre os pesquisadores, Margareth Diniz figurava com destaque.

Imagino que esse seria uma pauta interessantíssima para o WSCOM, não? Infelizmente, a resposta é negativa. Pelo jeito, o jornalista Walter Santos se interessa mais, como se diz por aí, pelo rame-rame da política partidária, pelo interesse mesquinho dos grupos políticos paraibanos, pela eterna disputa entre eles. 

Como parte expressiva da imprensa paraibana vem se notabilizando pelo partidarismo de suas posições, talvez Walter Santos sonhe em tornar a eleição da UFPB uma extensão dessa disputa, provavelmente para tirar de foco o que realmente estará em jogo na eleição para Reitor da universidade: os 20 anos em que um mesmo grupo administra a UFPB, cujo resultado tem sido uma progressiva perda de importância relativa de nossa universidade entre as universidades federais do país. 

Eu rejeito enfaticamente esse tipo de estratagema, e escrevo isso com a autoridade de um crítico do governador Ricardo Coutinho e do seu governo, postura oposicionista que, aliás, eu só identifiquei recentemente no WSCOM. 

E cheguei a essa conclusão porque sei que Margareth Diniz é candidata não por conta de qualquer força externa à universidade, mas por ser ela uma inquestionável liderança universitária e acadêmica que, mesmo em meio às atribuições de administradora, continua a dar aulas, orientar e fazer pesquisas, como comprova a mencionada reportagem do Globo Repórter.

Por fim, cabe um último registro. A UFPB não depende do Governo do Estado nem de qualquer Prefeitura para funcionar e exercer o papel social que a ela é – ou deveria ser – reservado. Sendo Ricardo Coutinho, Cássio Cunha Lima ou José Maranhão a UFPB continuará a desenvolver seu trabalho, porque felizmente esse é um trabalho que não depende de ninguém, a não ser dos milhares de docentes, servidores e estudantes que trabalham e estudam na instituição.

E mesmo diante do Governo Federal, deve manter a autonomia necessária, assegurada pela Constituição brasileira e pela união de sua comunidade. E será esta última, e só ela, quem definirá os destinos da UFPB na eleição que se aproxima. Por mais que alguns desejem o contrário.

Um comentário:

  1. A UFPB tem que solicitar as urnas eletrônicas do TRE para garantir a legitimidade das eleições para a Reitoria.

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