quinta-feira, 4 de março de 2010

A PROPÓSITO DE DILMA ROUSSEF TER DOIS PALANQUES NA PARAÍBA


O que significa, na prática, a proposta defendida pela Direção Municipal do PT de João Pessoa de dois palanques para Dilma Roussef na Paraíba? A resolução do PT de João Pessoa trás duas implicações políticas:

Primeiro. É claro que, caso Ciro Gomes retire sua candidatura a presidente, especialmente aceitando ser candidato ao governo de São Paulo, no pacote de apoio do PSB deverá constar os dois palanques para Dilma na Paraíba. Isso, além de respaldado pela resolução do último Congresso do PT, seria politicamente óbvio.

Onde houver aliados de Dilma Roussef disputando governos estaduais, apesar dos constrangimentos que isso normalmente causa a qualquer candidata/o, não deve existir nenhum tipo de privilégio dado aos seus apoiadores. Isso só criaria problemas com os partidos aliados, e soaria como exclusivismo petista, um mal que o PT, felizmente, abandonou.

Entretanto, no caso da Paraíba, o fato de que aqui renhidos adversários do PT, de Lula e de Dilma estarão no palanque do PSB, inclusive disputando vagas para o Senado e para a Câmara, dá ao caso da Paraíba uma peculiaridade que não existe em outros estados onde o PSB terá candidatos a governador, como em Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará. Nesses estados, o Dem e o PSDB ocuparão o outro lado da trincheira.

Além disso, será politicamente constrangedor para Dilma. Imagine a candidata de Lula e do PT subindo num palanque e ajudando a eleger aqueles que, caso eleitos, tentarão ser os seus algozes no Congresso Nacional. O Senador Efraim Morais, por exemplo, repetirá na frente Dilma o que disse no plenário do Senado, em dezembro de 2005, sobre o PT?

“Aparelhou o Estado desde os escalões mais modestos até os superiores. A partir daí, passou a assaltá-lo sistematicamente. As prefeituras municipais, que o PT conquistou gradualmente, serviram-lhe de laboratório. Lá, no âmbito municipal, ensaiou a rapina que, a partir de 2003, passou a praticar em âmbito federal.”(...)

“PT era uma vivência incontornável. Tínhamos que passar por ela e estamos passando. Mas, como sarampo e catapora, só dá uma vez. São múltiplas as lições que o purgatório político nos está transmitindo.”

“Em 2006, ano de eleições gerais, é hora de a cidadania brasileira dar o troco aos que o iludiram. E que assim seja” ? (clique aqui)

E isso foi o mínimo. O rosário de provocações do demo Efraim Morais contra Lula e o PT daria para compor, se reunidos, um libelo conservador contra um governo dirigido de esquerda e uma homenagem ao pensamento direitista brasileiro, digno do partido a que pertence, historicamente sempre entrincheirado contra tudo que possa soar popular e de esquerda na política brasileira.

Além disso, o senador Efraim Morais (DEM-PB) foi um dos mais críticos oposicionistas ao Programa Minha Casa, Minha Vida, não por acaso, proposto e coordenado pela Ministra Dilma Roussef. Em aparte ao Senador Heráclito Fortes, do Dem do Piauí, Morais afirmou sem pestanejar: “Esse programa é um engôdo, uma ilusão” (clique aqui) , o que não deixa de ser um paradoxo que ele seja o convidado de honra do prefeito Ricardo Coutinho para uma manifestação de entrega de casas cujo financiamento provem, principalmente, de verbas do governo federal

Que o PSB defenda dois palanques para Dilma Roussef na Paraíba é compreensível – afinal, o partido não quer que sobre para ele apenas o palanque dos tucanos paulistas em 2010, numa região que Lula tem mais de 90% de aprovação e que teve mais de 80% dos votos na última eleição. Mas, petistas de João Pessoa defenderem isso, sem levar em conta a estratégia que eles mesmos aprovaram como prioritária – eleger Dilma Roussef, – é uma maneira de criar mais problemas para sua candidata, ao invés de tentar diminuí-los. É uma maneira de colocar acima do objetivo de eleger Dilma o objetivo de eleger Ricardo Coutinho

Subordinar, portanto, as disputas e os interesses locais de grupos e pessoas ao projeto nacional do PT e da esquerda, cuja vitória terá repercussões geopolíticas na América Latina e no mundo, além de, principalmente, permitir a consolidação do projeto de desenvolvimento iniciado no governo Lula, é de uma mesquinhez política sem tamanho.

Essa questão remete à segunda implicação da resolução do Diretório Municipal do PT de João Pessoa: a defesa de dois palanques para Dilma, caso prevaleça, implica que os dirigentes do partido estariam liberados para escolher em qual palanque ficar, se no de José Maranhão ou no de Ricardo Coutinho?

Não acho isso praticável, tanto em termo políticos – como reagirá o eleitorado vendo petistas num palanque que não é o do seu partido, – quanto em termo jurídicos: para que isso se viabilize deve contar com a concordância ou as vistas grossas da direção regional do PT (do jeito que se comportam algumas liderança detentoras de cargos públicos do PT de ambos os lados, não seria surpresa se prevalecesse essa permissividade política.)

Nesse aspecto, penso o seguinte, expressando aqui o que disse a um amigo petista. Dilma pode ter mais de um palanque nos estados, afinal, esses palanques serão de partidos que a apóiam para presidente. O PT, como partido, não. O PT terá o palanque que a convenção estadual decidir (Ricardo Coutinho ou José Maranhão). Se não valer isso, instituam-se o fim da democracia e da unidade partidárias que tornou o PT o que ele é hoje e ratifique-se que o partido é um mero agrupamento de interesses individuais e de grupo, sem projeto de poder próprio.

Ora, se isso vale até para os candidatos de partidos ditos liberais, como não valeria para candidatos e dirigentes do PT? Por exemplo, se Cícero Lucena for o candidato do PSDB, Cássio Cunha Lima subirá no palanque de Ricardo Coutinho? Claro que não, por mais que Cunha Lima deseje.

E, no caso de petistas, isso soaria como atitude de mal perdedor. Perderam no PED e querem manter a posição política a todo custo. O grupo que dirige o PT municipal não viu ainda o quão impraticável é essa política que eles insistem em manter? Ela foi derrotada não só no PT, como está sendo derrotada na sociedade – o apoio a Ricardo Coutinho em João Pessoa, especialmente na classe média e nos meios mais esclarecidos, desmancha como sorvete exposto ao sol. Tentar mantê-la é não apenas teimosia, mas sinal de burrice que levará ao isolamento político e à derrota eleitoral.

7 comentários:

  1. Fiel ao seu chefe político no PT, Rodrigo Soares, Flávio Lucio, com muita competência, defende neste e no artigo anterior, os interesses de seu grupo,nada mais que isso.

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  2. EXCELENTE ANALISE, ESSA QEU VC FAZ LUCIO, E PARABENS.
    A INCOERENCIA POLITICA ESTÁ SENDO NOTADA EM RICARDO E SEUS DEFENSORES, SEJA DE QEU PARTIDO FOREM, ESPECIALMENTE DOS ALIADOS A LULA, QEU ALIAS, DESSES ALIADOS, PRECISAMOS DE DISTANCIA PARA NAO QUEIMAR NO FOGO DA CORRUPÇAO QUE EXALA DELES.

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  3. Olá,
    Sobre a sua analise sobre os 2palanques para Dilma,quero manifestar o meu apoio, pois concordo, entretanto não podemos esquecer que pelo outro lado, apoiar Maranhão sem a vaga a vice, é fazer papel de bobo. Não podemos esquecer que Ricardo na última eleição preferiu outro grande algoz do Governo Lula, o PPS como seu vice,o que o PT aceitou e convive amigavelmente, claro, que por motivos óbvios e para manter o apoio de Maranhão, Ricardo foi obrigado formar chapa pura. Vou colocar seu blog nos meus preferidos. O meu endereço, é http://heliojampa.blogspot.com
    Forte abraço

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  4. Uma anelise independente e de quem com a frieza das palavras expoe o verdadeiro cenário da dinamica politica de interesses. Ricardo Coutinho navega em torno do próprio umbigo e o PT municipal segue nesse mesmo caminho.

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  5. Luciano Cartaxo começa a chantagear maranhão. Segundo o blog de Luiz Torres ele disse: "Não vejo como o PT apoiar a chapa majoritária se tiver direito apenas a uma suplência de senador". O cara não tem voto e quer de todo jeito ser vice-governador. O PT vai voltar atrás e se abraçar com Efraim, Cassio e Ricardo se não tiver a vice? Eita partidozinho de gente sem princípios!

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  6. Isso me leva à seguinte questão: Por que Ricardo Coutinho saiu do PT? A pedido? Expulso ex officio?

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