Na pesquisa Vox Populi divulgada ontem, Dilma Rousseff abre uma vantagem de 8% sobre seu principal adversário, José Serra; na do Datafolha, divulgada hoje, Serra e Dilma estão "empatados tecnicamente", com o demotucano à frente com 1 ponto percentual. As diferenças são tão estapafúrdias entre uma e outra que é impossível não concluir que uma delas está errada. Uma diferença de 9% entre uma e outra representa, em termos do universo de todos os eleitores brasileiro (135 milhões de eleitores), algo em torno de 12 milhões de votos. Não é pouca coisa.
O que me leva a "desconfiar" que é o Datafolha que manipula suas pesquisas é a interrupção da tendência anterior de ascensão de Dilma Rousseff, verificada inclusive pelo próprio instituto cuja propriedade pertence ao grupo Folha de São Paulo, que faz campanha aberta para o candidato do PSDB. O que impulsionava – e continua a impulsionar – o crescimento de Dilma?
1º. Ser ela a candidata de Lula, que tem o governo aprovado por mais de 80% da população. Como já apontamos aqui há mais de 1 ano, seria impossível que essa aprovação não se convertesse em votos quanto mais o eleitorado conhecesse Dilma e quanto soubesse ser ela a candidata de Lula, o que aconteceria na medida em que a eleição se aproximasse.
2º. Dilma pontuava atrás de Serra entre os eleitores beneficiários do Bolsa Família, que podem ser hoje considerados os eleitores – excluídos os próprios petistas – mais fiéis a Lula.
3º Dilma pontuava atrás de Serra entre as mulheres. Não que acredito que "mulher vota em mulher", mas esse deverá ser um fator que tende a render votos para Dilma. Além de ser ela candidata de um governo popular e ser apontada com uma das favoritas, o fato do Brasil nunca ter tido uma "presidenta" fará uma diferença importante para que as mulheres optem por outra mulher. Por isso, a candidatura de Marina Silva é divisionista e serve à direita: ela tanto tem origem do campo de Dilma quanto é mulher. Por isso, a grande imprensa estimulou tanto para que ela saísse candidata.
E Dilma continuou avançando nesses 3 âmbitos, o que justifica não só seu crescimento como sua dianteira. Por outro lado, José Serra sofre o efeito inverso. Tende a perder a vantagem que tinha por ter sido o candidato mais conhecido de um eleitorado que ainda não prestava atenção na disputa eleitoral, e cujo espólio era formado de parte do eleitorado citado acima.
Tanto que ele tende a se estabilizar acima – não muito – dos 30%. É esse o eleitorado tucano no Brasil, que é um importante suporte para qualquer candidato. O problema é conquistar o voto dos outros 70% que aprovam Lula, especialmente numa conjuntura de crescimento econômico.
Como só ar urnas definirão qual das pesquisas está certa, o Datafolha se beneficia por enquanto do fato de não ser possível aferir quem tem os números mais próximos da realidade, o que permite que o instituto continue manipulando as suas. Ou seja, o Datafolha continuará brigando com a realidade para beneficiar seu candidato. E usará – anotem aí – o velho estratagema de quanto mais se aproximam as eleições mais seus números se aproximam da "realidade".
E a Folha vai ter a grande oportunidade. Vem aí o horário eleitoral na TV. A comparação entre Lula e FHC vai destruir Serra de vez. Restará o apelo ao desespero conservador. É bom nos prepararmos para a guerra. Dilma será pintada como o demônio, de atéia para baixo. Espero que não façam o mesmo aqui na Paraíba...
EM TEMPO: (inserido dia 24/07, às 21h31m)
Para ler mais sobre as pesquisas: Conversa Afiada (clique aqui e aqui), Blog da Cidadania (clique aqui) e Tjolaço (aqui).
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