terça-feira, 16 de julho de 2013

A chapa da oposição começa a ganhar forma?

Coluna de terça (16/07), Jornal da Paraíba

A posse do Deputado Federal Manoel Júnior na presidência do PMDB de João Pessoa, além dos rumores de racha na família do ex-governador José Maranhão – Benjamin Maranhão, que até domingo era presidente do partido na capital, não compareceu ao evento, – foi carregada de simbologia pelas presenças de dois importantes convidados: o ex-prefeito de João Pessoa, Luciano Agra, e o Secretário de Articulação Política da PMJP e Presidente estadual do PT, Rodrigo Soares.

Mais do que compromissos, tratam-se de acenos. São recados políticos para os bons entendedores – o Governador Ricardo Coutinho e seus aliados – de que os partidos de oposição começam a afinar as posições e os discursos. Se eles vão construir uma chapa única, isso nós só saberemos com certeza com o tempo, mas o certo é que essa unidade da oposição, que parecia difícil de acontecer logo após as eleições de 2012, começa a ser encarada como uma possibilidade cada vez mais factível.

Agra

A começar pelo ex-prefeito Luciano Agra. Agra, que foi peça-chave na vitória do atual Prefeito de João Pessoa, o petista Luciano Cartaxo, e grande vitorioso nas eleições de 2012, ao ponto de seu nome ser alçado à condição de liderança estadual. Foi uma ascensão meteórica. Agra, um desconhecido técnico em planejamento urbano. Isso até assumir a prefeitura após a renúncia de Ricardo Coutinho para disputar o Governo da Paraíba, em 2010. Agra não apenas manteve os bons níveis de avaliação da administração ricardista, como introduziu um novo estilo, com mais diálogo e, portanto, mais aberto à negociação, o que contrastava com o estilo impositor e pouco afável de RC. Logo, as comparações entre os dois se tornaram inevitáveis, um no governo e outro na prefeitura.

E, quando Luciano Agra foi impedido por RC de pleitear sua reeleição, ele acabou por assumir a condição de antiRC. E foi essa condição que ele assumiu para ajudar a eleger Luciano Cartaxo, cuja vitória deve ser compartilhada com esse outro Luciano, o Agra. E não foi por outro motivo que Agra surgiu como um potencial candidato ao governo logo após o pleito de 2012.

Também não é por outro motivo que Veneziano Vital deve sonhar tanto dormindo quanto acordado com o “sim” de Luciano Agra para que este aceite ser candidato a vice-governador na chapa do peemedebista. Além do imenso prestígio adquirido, a presença de Agra permite oferecer contornos “geopolíticos” e um contraponto de peso à mesma aliança que RC fez em 2010, indicando um campinense para a vice, como tudo indica que repetirá em 2014. Nessa situação, a vantagem de Veneziano sobre o eleitor campinense é mais nítida, já que ele é um campinense da gema, diferente de RC.

O PT

Enquanto Alexandre Almeida, "candidato" do PT em
Campina, aparecia no guia...
As dificuldades do PMDB com o PT, ainda que não totalmente removidas, tinham a ver com a tumultuada relação entre os dois partidos durante 2012. Essa relação já havia se fragilizado muito durante a campanha de 2010, quando o candidato a vice-governador indicado pelo PT, o próprio Rodrigo Soares, sequer participou do programa eleitoral na TV, – e esgarçou por completo depois do lançamento da candidatura de Luciano Cartaxo, em João Pessoa, e da opção do PT pela candidatura de Daniela Ribeiro à Prefeitura de Campina Grande, o que precipitou o rompimento do PT com Veneziano Vital e sua candidata, Tatiana Medeiros. 

...Lula pedia voto para Daniela.
A questão foi parar na justiça, num imbróglio que durou toda a campanha, o que prejudicou sobremaneira a candidatura de Daniela Ribeiro, por conta da perda do precioso tempo de TV do PT. Mais à frente, Ribeiro também foi obrigada a trocar o vice, que havia sido indicado pelo partido de Lula – o ex-vereador Peron Japiassu – para não inviabilizar juridicamente sua candidatura. Daniela, que era apontada como favorita no início da campanha, sequer foi para o segundo turno.

A relação entre o PT e Veneziano Vital ficou tão azeda que, terminada a campanha, o PT expulsou o então presidente do partido na cidade, Alexandre Almeida – ex-secretário de Veneziano e depois assessor parlamentar do Senador Vital do Rego Filho – ponta de lança para judicializar a disputa e manter, à força de uma decisão judicial, sua candidatura a prefeito de Campina. Se essa atabalhoada estratégia logrou êxito durante o primeiro turno, acabou sendo um desastre político: mesmo a candidata do PMDB enfrentando um candidato do arqui-inimigo PSDB no segundo turno, o PT campinense não deu um pio em apoio a Tatiana Medeiros no segundo turno. E ainda hoje Veneziano tenta administrar suas (más) repercussões nas articulações para sua candidatura ao governo estadual.

A chapa da oposição

Se Veneziano contornar esse problemas, ainda restará o desafio de convencer Luciano Agra a ser seu vice e acomodar o PT na chapa majoritária. A questão é saber quais os objetivos de curto e médio prazos tanto de Agra quanto do PT. Agra pode desejar a única vaga de Senador. O PT também. Esse pode ser o maior problema a ser administrado por Veneziano Vital, que já tem dificuldades demais no seu próprio terreiro para acomodar o ex-governador José Maranhão, que só deixa claro que o PMDB tem um candidato a governador, deixando em aberto se pode ou não disputar o Senado, o que certamente implodiria essa articulação que está em andamento.

Voltaremos a essa questão nas próximas colunas.

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