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Não foi só RC que pegou carona nas vitórias do Botafogo. O azar foi também com ele |
A ação do Vereador do
PSB, Renato Martins, contra a decisão da CBF de transferir os jogos do Botafogo
do Almeidão para Goianinha, no Rio Grande do Norte, tem dois interesses.
O primeiro e mais importante
poderia ser o do próprio parlamentar em aparecer, pegar carona na boa relação que
a torcida tem hoje com o time. Mas não é. Esse é o efeito secundário que todo
caronista aproveita.
Renato Martins é
instrumento do chefe, daquele que o elegeu para ser exatamente isso: o seu cão
de guarda na Câmara de João Pessoa.
A ação judicial tenta evitar
expor a todo grande problema gerado por um governo cujo calendário de obras não
é o administrativo, mas o eleitoral.
E os casos do Almeidão,
em João Pessoa, e do Amigão, em Campina, expõem de maneira inquestionável o desprezo
do governador pelo interesse público e sua prioridade ao projeto pessoal de se
reeleger.
Almeidão e Amigão em obras desde quando?
Se o governo de Ricardo
Coutinho tinha planos de reformar esses estádios, porque não fez isso de
maneira antecipada, preferindo esperar o ano da Copa (e, mais importante, da
eleição) para anunciar a conclusão delas?
No caso de João Pessoa,
a situação é mais grave porque, diferentemente do Treze, que tem estádio próprio
para receber suas partidas nas competições nacionais de que participa, o
Botafogo só tem o Almeidão.
E sem o Almeidão só
resta ao time procurar o Rio Grande do Norte, já que na Paraíba o único estádio
disponível para receber seus jogos fica em Patos, a 300 km de distância.
E a torcida do Belo não
vai aceitar se submeter à suprema humilhação de ter que jogar no estádio do
Treze. Ou vai?
É para isso que serve,
antes de tudo, a ação impetrada pelo vereador Renato Martins, que deve torcer
pelo Ceará ou pelo Fortaleza, cearense que é: impedir que a torcida do Botafogo
responsabilize o governador, em razão dessa mesquinharia eleitoral, por conta
de não poder estar em massa ao lado do time num dos melhores momentos de sua
história.
RC nunca acreditou no Botafogo
O governador Ricardo
Coutinho não esperava que fosse exatamente o Botafogo quem atrapalhasse seus
planos.
Contando com mais um ano
de insucesso do time no Campeonato Paraibano do ano passado – como aconteceu, aliás,
em todos os anos em que foi prefeito de João Pessoa e governador da Paraíba,
quando o Botafogo ficou 10 anos sem títulos estaduais, – RC planejou fazer as reformas do Almeidão no
segundo semestre de 2013, com o estádio livre de jogos e de torcida.
Quando o Belo venceu o
campeonato e se classificou para a Série D, e foi avançando até ser campeão, as
obras foram se tornando impraticáveis, já que, nos dias de hoje, torcida,
tijolo e barras de ferro não são exatamente uma combinação adequada.
A situação foi tão
absurda que todas – exatamente todas – as novas cadeiras da arquibancada sol do
Almeidão já instaladas tiveram que ser arrancadas para permitir que a torcida
ocupasse aquele espaço para assistir à final contra o Juventude.
Espaço, diga-se de
passagem, que permaneceu interditado durante todos os jogos da Série D. Um
imenso desperdício de dinheiro público.
Agora é a arquibancada
sombra que está interditada para obras, sobrando para o torcedor o lado do sol
(que continua sem cadeiras). Mas, o perigo está do lado de fora do estádio, que
também está em obras – sobrando tijolo e barras de ferro para todo lado.
Foi esse perigo que
levou a CBF a interditar o estádio, especialmente porque dois dos adversários do
Botafogo na Copa do Nordeste (Sport e Náutico) estão a apenas 120 km de João
Pessoa, e contam com torcidas apaixonadas tanto quanto é a do Belo. Os
problemas gerados pela violenta torcida do Sport pode ter sido só um aperitivo.
RC dá azar ao Botafogo?
Quem já jogou futebol ou
é um torcedor apaixonado sabe que a superstição é um traço marcante tanto de um
quanto do outro.
E não é a toa, portanto,
que existem tantos rituais antes de cada partida, do técnico, do massagista, do
goleiro, do atacante e do torcedor. E tudo por um motivo: evitar ser atingido
pelo azar.
Como eu já mencionei, o
Botafogo passou dez anos sem ganhar um título estadual. Desde 2003, o time
pessoense não sentia o gostinho de levantar o troféu de Campeão Paraibano.
E entre 1996 e 2003, o
Botafogo foi três vezes campeão paraibano e quatro vice-campeão. E em 2004, o
time quase consegue o acesso à série B, ficando em terceiro lugar na série C
daquele ano. Enfim, o Botafogo estava por cima.
Pois bem. Bastou RC assumir
a prefeitura de João Pessoa, em 2005, que o Botafogo entrou em desgraça. Nesse
período, o Belo foi humilhado ano a ano, conseguindo apenas dois míseros
vice-campeonatos (em 2006 e 2010).
Bastou a cadeira de
prefeito ser assumida por outro político, que o Botafogo num mesmo ano não
apenas conquistou o título de Campeão Paraibano como também tornou-se Campeão Brasileiro
da Série D. Isso sem qualquer apoio do Governo do Estado.
Agora, veja se o futebol
não é uma prática aberta ao azar. Foi exatamente quando o governador começou a
tentar roubar o lugar que o Prefeito Luciano Cartaxo ocupava no coração da
torcida botafoguense que o time iniciou uma onda de azar.
Depois do empate com o
Sport realizado no Almeidão, o time pode perder quatro pontos por conta da
escalação de dois jogadores ainda não regularizados. Se isso já estivesse
valendo, o Botafogo teria hoje, três pontos negativos na classificação do seu
grupo na Copa do Nordeste.
Não bastasse isso, o
Almeidão foi interditado pela CBF e seus jogos transferidos para o Rio Grande
do Norte. E, como se tudo isso fosse pouco, a ação do vereador ricardista Renato
Martins na justiça pode levar a CBF a excluir o Botafogo da competição.
Enfim, torcedor do
Botafogo, eu sou daqueles que não acreditam em bruxas, mas pelo menos uma
certeza eu tenho: que elas existem, existem.
Pelo menos no futebol.