quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Sobre governadores, vereadores e o azar que eles dão ao Botafogo

Não foi só RC que pegou carona nas vitórias do Botafogo.
O azar foi também com ele
A ação do Vereador do PSB, Renato Martins, contra a decisão da CBF de transferir os jogos do Botafogo do Almeidão para Goianinha, no Rio Grande do Norte, tem dois interesses.

O primeiro e mais importante poderia ser o do próprio parlamentar em aparecer, pegar carona na boa relação que a torcida tem hoje com o time. Mas não é. Esse é o efeito secundário que todo caronista aproveita.

Renato Martins é instrumento do chefe, daquele que o elegeu para ser exatamente isso: o seu cão de guarda na Câmara de João Pessoa.

A ação judicial tenta evitar expor a todo grande problema gerado por um governo cujo calendário de obras não é o administrativo, mas o eleitoral.

E os casos do Almeidão, em João Pessoa, e do Amigão, em Campina, expõem de maneira inquestionável o desprezo do governador pelo interesse público e sua prioridade ao projeto pessoal de se reeleger.

Almeidão e Amigão em obras desde quando?

Se o governo de Ricardo Coutinho tinha planos de reformar esses estádios, porque não fez isso de maneira antecipada, preferindo esperar o ano da Copa (e, mais importante, da eleição) para anunciar a conclusão delas?

No caso de João Pessoa, a situação é mais grave porque, diferentemente do Treze, que tem estádio próprio para receber suas partidas nas competições nacionais de que participa, o Botafogo só tem o Almeidão.

E sem o Almeidão só resta ao time procurar o Rio Grande do Norte, já que na Paraíba o único estádio disponível para receber seus jogos fica em Patos, a 300 km de distância.

E a torcida do Belo não vai aceitar se submeter à suprema humilhação de ter que jogar no estádio do Treze. Ou vai?

É para isso que serve, antes de tudo, a ação impetrada pelo vereador Renato Martins, que deve torcer pelo Ceará ou pelo Fortaleza, cearense que é: impedir que a torcida do Botafogo responsabilize o governador, em razão dessa mesquinharia eleitoral, por conta de não poder estar em massa ao lado do time num dos melhores momentos de sua história.

RC nunca acreditou no Botafogo

O governador Ricardo Coutinho não esperava que fosse exatamente o Botafogo quem atrapalhasse seus planos.

Contando com mais um ano de insucesso do time no Campeonato Paraibano do ano passado – como aconteceu, aliás, em todos os anos em que foi prefeito de João Pessoa e governador da Paraíba, quando o Botafogo ficou 10 anos sem títulos estaduais, – RC  planejou fazer as reformas do Almeidão no segundo semestre de 2013, com o estádio livre de jogos e de torcida.

Quando o Belo venceu o campeonato e se classificou para a Série D, e foi avançando até ser campeão, as obras foram se tornando impraticáveis, já que, nos dias de hoje, torcida, tijolo e barras de ferro não são exatamente uma combinação adequada.

A situação foi tão absurda que todas – exatamente todas – as novas cadeiras da arquibancada sol do Almeidão já instaladas tiveram que ser arrancadas para permitir que a torcida ocupasse aquele espaço para assistir à final contra o Juventude.

Espaço, diga-se de passagem, que permaneceu interditado durante todos os jogos da Série D. Um imenso desperdício de dinheiro público.

Agora é a arquibancada sombra que está interditada para obras, sobrando para o torcedor o lado do sol (que continua sem cadeiras). Mas, o perigo está do lado de fora do estádio, que também está em obras – sobrando tijolo e barras de ferro para todo lado.

Foi esse perigo que levou a CBF a interditar o estádio, especialmente porque dois dos adversários do Botafogo na Copa do Nordeste (Sport e Náutico) estão a apenas 120 km de João Pessoa, e contam com torcidas apaixonadas tanto quanto é a do Belo. Os problemas gerados pela violenta torcida do Sport pode ter sido só um aperitivo.

RC dá azar ao Botafogo?

Quem já jogou futebol ou é um torcedor apaixonado sabe que a superstição é um traço marcante tanto de um quanto do outro.

E não é a toa, portanto, que existem tantos rituais antes de cada partida, do técnico, do massagista, do goleiro, do atacante e do torcedor. E tudo por um motivo: evitar ser atingido pelo azar.

Como eu já mencionei, o Botafogo passou dez anos sem ganhar um título estadual. Desde 2003, o time pessoense não sentia o gostinho de levantar o troféu de Campeão Paraibano.

E entre 1996 e 2003, o Botafogo foi três vezes campeão paraibano e quatro vice-campeão. E em 2004, o time quase consegue o acesso à série B, ficando em terceiro lugar na série C daquele ano. Enfim, o Botafogo estava por cima.

Pois bem. Bastou RC assumir a prefeitura de João Pessoa, em 2005, que o Botafogo entrou em desgraça. Nesse período, o Belo foi humilhado ano a ano, conseguindo apenas dois míseros vice-campeonatos (em 2006 e 2010).

Bastou a cadeira de prefeito ser assumida por outro político, que o Botafogo num mesmo ano não apenas conquistou o título de Campeão Paraibano como também tornou-se Campeão Brasileiro da Série D. Isso sem qualquer apoio do Governo do Estado.

Agora, veja se o futebol não é uma prática aberta ao azar. Foi exatamente quando o governador começou a tentar roubar o lugar que o Prefeito Luciano Cartaxo ocupava no coração da torcida botafoguense que o time iniciou uma onda de azar.

Depois do empate com o Sport realizado no Almeidão, o time pode perder quatro pontos por conta da escalação de dois jogadores ainda não regularizados. Se isso já estivesse valendo, o Botafogo teria hoje, três pontos negativos na classificação do seu grupo na Copa do Nordeste.

Não bastasse isso, o Almeidão foi interditado pela CBF e seus jogos transferidos para o Rio Grande do Norte. E, como se tudo isso fosse pouco, a ação do vereador ricardista Renato Martins na justiça pode levar a CBF a excluir o Botafogo da competição.

Enfim, torcedor do Botafogo, eu sou daqueles que não acreditam em bruxas, mas pelo menos uma certeza eu tenho: que elas existem, existem.


Pelo menos no futebol. 

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