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Eduardo Campos troca o apoio de Lula e Dilma... |
Todo candidato precisa além
de discurso, precisa de aliados. Quando o Governador de Pernambuco, Eduardo
Campos, tomou a decisão de romper com Lula e lançar sua candidatura à
Presidência da República, ele já sabia que o espaço que lhe restaria não seria
o que hoje é ocupado pelo PT.
Ou seja, Campos sempre soube que não teria
condições de disputar a base política e social que dá suporte à hegemonia
petista no governo federal. E um exemplo disso foi o não que Campos recebeu do
PCdoB, o mais fiel e tradicional aliado que o socialista tem em Pernambuco.
Se
nem o PCdoB apoia Eduardo Campos, que quem ele pode contar como aliado?
Daí sua movimentação à
direita que faz hoje o governador de Pernambuco.
Não foi por acaso que o PPS,
dominado pelo serrista Roberto Freire, que atua em Pernambuco, mas é deputado federal
por São Paulo, foi parar no colo de Campos.
Freire, que nutre um ódio quase
visceral ao PT, esperou o quanto pode pela filiação de José Serra ao PPS para lança-lo
novamente ao Planalto. Como Serra permaneceu no PSDB, restou a Freire duas
opções: voltar para os braços dos tucanos ou experimentar o aconchego
nordestino de seu conterrâneo.
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... pelo da direita, que ele sempre combateu. |
Aproximação com o PSDB
O PPS é um exemplo do
que restou de espaço para Eduardo Campos disputar. E a incursões do
pernambucano são ainda mais à direita.
Ele já foi recebido, por exemplo, pelo
catarinense Jorge Bornhausen, um expoente do conservadorismo brasileiro, o por
Ronaldo Caiado, ruralista e fundador da UDR (União Democrática Ruralista), que
surgiu para impedir a reforma agrária na última Constituinte.
Nesse deslocamento à
direita, Campos busca uma aproximação também com o PSDB, no que tem tido
absoluta reciprocidade, já que ambos os partidos tem como estratégia ter o
apoio um do outro no segundo turno, já que é mais do que improvável que os dois
tenham mais votos que Dilma Rousseff no primeiro.
Estratégia que conta com a
discordância de Marina Silva, que sempre buscou se constituir como uma alternativa
tanto ao PT quanto ao PSDB.
Mas, a ex-petista não leva em conta, ou leva e
faz-se de desentendida, que o buraco é mais embaixo. Campos deseja ser uma
alternativa ao PSDB no meio conservador no qual os tucanos sempre passearam
livres, leves e soltos.
É a agenda do PSDB, ou
seja, são as ideias tucanas que Eduardo Campos deseja subscrever.
Por exemplo.
Campos tem advogado a necessidade de o governo realizar “um duro ajuste fiscal”,
palavras que devem soar como música nos ouvidos de banqueiros e do mercado.
Duro ajuste fiscal significa aperto principalmente nos gastos públicos, que são
a mola propulsora do crescimento brasileiro nesses anos de crise internacional.
A isso Campos tem chamado de “choque de responsabilidade”, mas tem gente que
chama mesmo é de compromisso com os mais ricos.
Campos também é contra o
reajuste automático do salário mínimo, que é baseado na soma da inflação mais o
crescimento do PIB dos dois anos anteriores, e que tem permitido ganhos reais e
pode de compra aos assalariados.
Enfim, Eduardo Campos
não rompeu com Lula e o PT. Ele mudou definitivamente de lado.
PT vai para cima de Campos
Quem não leu a nota que o
PT nacional publicou em seu perfil no Facebook é bom dar uma olhada.
A começar
pelo título (“A balada de Eduardo Campos”), que é uma menção quase direta, tanto
ao estilo de vida do Governador de Pernambuco quanto ao aventureirismo de um
político que coloca em primeiro lugar seus interesses pessoais à frente dos do
país.
Mais ou menos na linha de Ciro Gomes que, depois de anunciada a candidatura
de Eduardo Campos, tratou-o como "um zero completo, um oportunista puro e
simples”.
A palavra mais branda
com que Campos foi tratado pelo PT foi “tolo”, por ter ele se deixado estimular
“pelos cães de guarda da mídia” até o ponto de “vender a alma à oposição”.
Para
o PT, o socialista não tem “projeto”, não tem “conteúdo” e perdeu também a “compostura
política”, traços que faria o avô, Miguel Arraes, morrer de desgosto caso ele
não tivesse morrido antes.
Campos renegou o apoio que teve de Lula
A nota é enfática ao lembrar
o grande apoio dado por Lula ao atual Governador de Pernambuco, fato
inquestionavelmente decisivo para o sucesso de sua administração.
O PT faz
questão de lembrar as obras estratégicas que tanto Lula quanto Dilma Rousseff
dirigiram para Pernambuco, entre elas: a Refinaria Abreu e Lima, as obras da
transposição do Rio São Francisco, a Transnordestina, o Estaleiro Atlântico Sul,
afora as sete escolas técnicas federais,
os cinco campi da Universidade Federal Rural espalhados pelo interior.
Além
dessas obras, o PT lembra que os recursos provenientes Pronasci (Programa
Nacional de Segurança Pública com Cidadania), que, segundo a nota, contribuíram
“para a diminuição da criminalidade no estado, por muito tempo um dos mais
violentos do país” e mais os 30 bilhões de reais do Programa de Aceleração do
Crescimento, o PAC, investidos em Pernambuco.
O texto se encerra com
uma lacônica sentença a respeito do caráter fugaz de Eduardo Campos: “Quem
achava que conhecia o governador do PSB, ao que tudo indica, ainda vai ter
muito o que lamentar.”
Enfim, a nota do PT é apenas uma amostra de como Eduardo
Campos será tratado durante a campanha presidencial que se avizinha.
E a linha
é mostra-lo como um traidor, cuja inspiração pode ter sido o mestre da
literatura ocidental, Miguel de Cervantes, segundo quem “ainda que a traição agrade,
o traidor é sempre odiado.”
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