sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

NONATO BANDEIRA E 2014

Nonato: "O momento é de Cássio"
Não apenas para tratar do seu destino político, mas também me atualizar a respeito de suas avaliações a respeito do quadro político paraibano, que eu o procurei e fui recebido para uma conversa no final da manhã de ontem pelo do Vice-Prefeito de João Pessoa, Nonato Bandeira. 

O resultado, que renderia pelo menos umas três colunas, segue abaixo. Trata-se de numa síntese dos principais pontos de um diálogo que foi sempre franco e aberto, ocasião em que Nonato Bandeira mostrou a sagacidade que o tornou um dos maiores e mais reconhecidos estrategistas políticos da Paraíba.

Avaliação do quadro do político: Cássio

A conversa começou, como não poderia deixar de ser, por Cássio Cunha Lima. Para Nonato, a indefinição do Senador tucano tem deixado em compasso de espera todas as outras legendas, que esperam por essa definição para decidir sobre suas estratégias, inclusive, RC. 

E um dos motivos para essa paralisia que toma conta de todos os partidos é que, segundo o Vice-Prefeito pessoense, a eleição dependerá muito dessa bipolaridade que se desenha na Paraíba. 

Nonato lembrou uma das teses do historiador José Otávio de Arruda Mello, segundo a qual é a dissidência quem ganha eleição na Paraíba, que acaba por incorporar boa parte da oposição nas disputas na Paraíba. 

“Veja o que aconteceu em 2010 com Ricardo, que pertencia ao bloco maranhista. Agora, será a vez de Cássio ser essa dissidência. Com ela, ele quebra o bloco de sustentação ao governador e esvazia a oposição, que, até por isso mesmo, está fragmentada, hoje.” 

Além disso, a população, que continua a esperar pela decisão de Cássio, ainda não conseguiu identificar um nome para enfrentar Ricardo. E o mesmo pode acontecer nacionalmente. 

“Campos hoje é a dissidência, é o que Cássio pode vir a ser na Paraíba. O PT está preparado para enfrentar o PSDB, na velha confrontação ideológica que se reproduz desde 1994. Mas, e Campos, que tem a mesma origem na esquerda e sempre foi elogiado por Lula e Dilma? Essa candidatura pode mudar o destino das disputas eleitorais no Brasil.” 

“O momento é de Cássio”

Bandeira se mostrou convicto não apenas da viabilidade jurídica da candidatura de Cássio, mas, principalmente, política. 

Segundo ele, existem várias justificativas para a candidatura do Senador tucano. Primeiro, a vontade do eleitor, que nenhum político pode desconhecer ou deixar esse anseio sem resposta. “O momento é de Cássio. Se ele adiar, pode ser que tudo mude em 2018 e ele terá perdido essa oportunidade”. 

Além disso, existe a necessidade de fortalecer o palanque de Aécio Neves na Paraíba. “E nada melhor do a candidatura de Cássio. Da mesma maneira: uma coisa é o palanque de Aécio com Cássio candidato. Outra muito diferente é sem a candidatura de Cássio.” 

Mesmo revelando grande simpatia pelo apoio do PPS à candidatura de Cassio, Nonato diz que esse apoio não será automático, havendo a necessidade de estabelecer antes alguns condicionantes, como a composição da chapa. 

Instado a responder sobre o que poderia impedir o PPS de apoiar Cássio, Nonato mandou um recado: “Em hipótese alguma, apoiaremos uma chapa puro-sangue do PSDB”. Diante da pergunta a respeito de uma possível indicação do nome do ex-prefeito pessoense, Luciano Agra, Bandeira foi cauteloso: “Agra seria um nome forte, mas a indicação é do PEN”.

RC não pode ser subestimado

E como fica o governador Ricardo Coutinho se Cássio for mesmo candidato? Diante dessa pergunta, Bandeira foi enfático. 

RC é candidato do governo e não deve, em hipótese alguma, ser subestimado. “Ricardo tem a chave do cofre, que ele sabe usa muito bem. Quer um exemplo do quanto ele está disposto a abrir essa caixa de bondade? Hoje, até veículo já sai emplacado e com habilitação!” disse, fazendo menção ao programa “Habilitação Social”, que isenta do pagamento de taxas do Detran condutores de veículos de baixo poder aquisitivo. 

“Teremos um Papai Noel fora de época. E bem mais magro,” disse com ironia. Apesar de reconhecer que RC tem problemas na gestão política do governo, especialmente nas composições políticas, o que tem trazido problemas em vários setores, Bandeira ressaltou uma das marcas que ele conhece tão bem do atual governador: a obstinação.

Reaproximação com RC


Sobre a conversa que teve recentemente com o presidente estadual do PSB, Edvaldo Rosas, Nonato Bandeira disse que a conversa versou sobre a possibilidade de reprodução na Paraíba da aliança nacional que deve acontecer entre PPS e PSB. 

Segundo Nonato, não houve um convite formal para que as antigas relações políticas fossem reatadas, e revelou que desde abril de 2012, quando anunciou a saída do governo estadual, não troca uma palavra sequer com RC. 

Perguntado sobre a possibilidade de reaproximação, Bandeira não confirmou nem negou de maneira peremptória: “É uma decisão que pertence ao partido.” Esse movimento de reaproximação Nonato considera ser manifestação da fragilidade política de RC, hoje. 

Ao mostrar-se ser incapaz de administrar possíveis diferenças, Ricardo foi perdendo aliados, inclusive aqueles que o acompanhavam desde o início de sua carreira política.

Diferentemente de 2008, quando RC disputou uma reeleição, o hoje governador não tem o controle de sua própria sucessão. “Quando Prefeito, Ricardo dividiu o poder e, por isso, foi capaz de não apenas manter os aliados, mas incorporar outros, como foi o caso do PT,” disse Nonato, rememorando os tempos em que ajudava na condução política de Coutinho. “Ricardo está mais frágil não apenas internamente, mas externamente. 

Ele perdeu as eleições municipais em grandes centros urbanos, com destaque para João Pessoa. “Por isso, talvez de maneira tardia, ele tenta hoje recompor o que perdeu,” arrematou

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