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Cássio-Veneziano, uma aliança possível? |
As possibilidades na política eleitoral na Paraíba se
tornaram tão abertas, depois de 2010, que ninguém hoje é capaz de afastar
qualquer hipótese, por mais remota que aparente ser.
Seria também o caso, por
exemplo, de uma aliança Cássio Cunha Lima-Veneziano Vital do Rego? Alguém seria
capaz de afastar em definitivo essa possibilidade? Eu lembro que gente com a
experiência política do ex-deputado Gilvan Freire, por exemplo, não apenas
defende essa aliança, como se empenha para viabilizá-la.
Mesmo considerando improvável, de minha parte não afasto hoje
essa hipótese, especialmente se o Senador tucano não puder ser candidato. Nesse
caso, Cunha Lima teria que avaliar vários cenários.
Mesmo para valorizar o peso
de sua decisão, é interessante para o tucano não fechar nenhuma janela. E a da
aliança com o PMDB é uma delas.
A
tensão PMDB-PT
A janela para uma aliança com Cássio Cunha Lima por parte de
Veneziano Vital mantem-se aberta por conta da relação, que se mantem tensa,
entre PMDB e PT na Paraíba.
Aliados nacionalmente, os dois partidos viram uma
relação política de muita proximidade se esgarçar a partir de 2010, quando o PT
foi tratado com desprezo pelo então governador e candidato à reeleição, José
Maranhão.
Na eleição seguinte, os dois partidos marcharam em campos opostos nas
eleições das duas principais cidades paraibana, João Pessoa e Campina Grande.
A
situação se agravou ao ponto de PMDB e PT negarem apoio um ao outro no segundo
turno dessas disputas – em João Pessoa, o PMDB optou pela neutralidade em
relação a Luciano Cartaxo, do PT, ocorrendo mesmo em Campina, agora com o PT
negando apoio a Tatiana Medeiros, candidata peemedebista.
Em 2014, mesmo com a redução da temperatura, o PT não dá
mostras que não deseja uma aproximação com o PMDB, optando por lançar uma
candidata que, por enquanto, é apenas uma promessa.
Para acirrar ainda mais a tensão, a indicação do Senador
Vital do Rego Filho para o Ministério da Integração Nacional, como reivindicam
as bancadas federais do PMDB na Câmara e no Senado, se arrasta desde o início
de outubro e ainda continua indefinida.
O anúncio da nomeação ajudaria a distensionar
a relação com o PT na Paraíba, sem dúvida, mas eu considero que, ainda assim,
não afastaria em definitivo a possibilidade de uma aliança PMDB-PSDB,
especialmente se, juridicamente, a candidatura do Senador Cássio Cunha Lima se
mostrar inviável.
Isso porque, para os peemedebistas, como é óbvio, o objetivo
principal, mais do que manter a aliança nacional com o PT, é retomar o Governo
da Paraíba. E, para atingir esse objetivo, nada melhor do que uma aliança com o
PSDB no estado.
Um
palanque para Aécio Neves
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Qual será a eleição mais importante para Cássio: a de governador ou presidente? |
O lançamento de Eduardo Campos à presidência tende a agravar
a situação eleitoral da candidatura do PSDB no Nordeste, que sempre foi
difícil.
Transferir eleitores do PSDB para o PSB na região é fundamental na
estratégia socialista, já que o Nordeste pode ser decisivo na disputa
particular que travarão Aécio Neves e Eduardo Campos pela segunda vaga no
segundo turno da eleição presidencial.
E esse fato é um agravante a mais a
estimular o rompimento entre RC e Cássio na Paraíba.
Por isso, ter palanques fortes no Nordeste é estratégico
para o PSDB e o lançamento de candidatura própria ao Governo da Paraíba é,
certamente, a primeira e mais lógica opção do PSDB. Mas, se essa hipótese se inviabilizar
por razões de ordem jurídica, os tucanos serão obrigados a negociar um palanque
que dê visibilidade eleitoral para Aécio Neves.
Esse palanque seria o de
Ricardo Coutinho, apoiador de primeira hora de Eduardo Campos? Nacionalmente, o
que ganham os tucanos com essa aliança.
O PSDB cometeu um grande erro em 2010, quando deixou José
Serra sem palanque na Paraíba.
Mas, como é por demais sabido, Cássio Cunha
Lima, além de aliado político, é amigo pessoal de Aécio Neves.
O destaque
nacional que tem hoje Cássio em parte é devido à capacidade política do Senador
paraibano, mas também se deve a ser ele homem de confiança do presidenciável
tucano.
Por isso, não devemos subestimar a importância que terá a eleição
presidencial nas definições do PSDB na Paraíba.
E uma aliança com o PMDB, além
de enfraquecer o palanque de Dilma Rousseff na Paraíba, tirando-lhe importantes
apoios, enfraqueceria Eduardo Campos já que deixaria o PSB isolado na disputa
estadual, gerando uma irrefreável expectativa de vitória e de poder.
Para quem
anda cambaleante, um acontecimento desses poderia ser fatal para as pretensões
do atual governador.
Acomodações
O principal problema para a aliança PMDB-PSDB é, sem dúvida, a acomodação futura de
dois partidos que estiveram em campos opostos no estado e, em particular, em
Campina Grande, nos últimos 16 anos.
No caso de Veneziano Vital e Cássio Cunha
Lima, os dois sempre estiveram em campos opostos desde que ambos entraram para
a política.
Por isso, não se trata de uma acomodação fácil, mas as alianças políticas
são muito determinadas pelas circunstâncias e um grande acordo que envolva o
Governo do Estado e, em particular, João Pessoa e Campina Grande, pode ser
viabilizado, caso os envolvidos assim desejem.
Vamos esperar pra ver.
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