quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

E se Cássio apoiasse Veneziano?

Cássio-Veneziano, uma aliança possível?
As possibilidades na política eleitoral na Paraíba se tornaram tão abertas, depois de 2010, que ninguém hoje é capaz de afastar qualquer hipótese, por mais remota que aparente ser. 

Seria também o caso, por exemplo, de uma aliança Cássio Cunha Lima-Veneziano Vital do Rego? Alguém seria capaz de afastar em definitivo essa possibilidade? Eu lembro que gente com a experiência política do ex-deputado Gilvan Freire, por exemplo, não apenas defende essa aliança, como se empenha para viabilizá-la.

Mesmo considerando improvável, de minha parte não afasto hoje essa hipótese, especialmente se o Senador tucano não puder ser candidato. Nesse caso, Cunha Lima teria que avaliar vários cenários. 

Mesmo para valorizar o peso de sua decisão, é interessante para o tucano não fechar nenhuma janela. E a da aliança com o PMDB é uma delas.

A tensão PMDB-PT

A janela para uma aliança com Cássio Cunha Lima por parte de Veneziano Vital mantem-se aberta por conta da relação, que se mantem tensa, entre PMDB e PT na Paraíba. 

Aliados nacionalmente, os dois partidos viram uma relação política de muita proximidade se esgarçar a partir de 2010, quando o PT foi tratado com desprezo pelo então governador e candidato à reeleição, José Maranhão. 

Na eleição seguinte, os dois partidos marcharam em campos opostos nas eleições das duas principais cidades paraibana, João Pessoa e Campina Grande. 

A situação se agravou ao ponto de PMDB e PT negarem apoio um ao outro no segundo turno dessas disputas – em João Pessoa, o PMDB optou pela neutralidade em relação a Luciano Cartaxo, do PT, ocorrendo mesmo em Campina, agora com o PT negando apoio a Tatiana Medeiros, candidata peemedebista.

Em 2014, mesmo com a redução da temperatura, o PT não dá mostras que não deseja uma aproximação com o PMDB, optando por lançar uma candidata que, por enquanto, é apenas uma promessa.

Para acirrar ainda mais a tensão, a indicação do Senador Vital do Rego Filho para o Ministério da Integração Nacional, como reivindicam as bancadas federais do PMDB na Câmara e no Senado, se arrasta desde o início de outubro e ainda continua indefinida. 

O anúncio da nomeação ajudaria a distensionar a relação com o PT na Paraíba, sem dúvida, mas eu considero que, ainda assim, não afastaria em definitivo a possibilidade de uma aliança PMDB-PSDB, especialmente se, juridicamente, a candidatura do Senador Cássio Cunha Lima se mostrar inviável. 

Isso porque, para os peemedebistas, como é óbvio, o objetivo principal, mais do que manter a aliança nacional com o PT, é retomar o Governo da Paraíba. E, para atingir esse objetivo, nada melhor do que uma aliança com o PSDB no estado.

Um palanque para Aécio Neves

Qual será a eleição mais importante para Cássio: a de
governador ou presidente?
A eleição presidencial pode ser a chave para entender porque a hipótese de uma aliança PMDB-PSDB na Paraíba não pode ser descartada. Nós falamos das possíveis motivações do PMDB. Agora é a vez do PSDB.

O lançamento de Eduardo Campos à presidência tende a agravar a situação eleitoral da candidatura do PSDB no Nordeste, que sempre foi difícil. 

Transferir eleitores do PSDB para o PSB na região é fundamental na estratégia socialista, já que o Nordeste pode ser decisivo na disputa particular que travarão Aécio Neves e Eduardo Campos pela segunda vaga no segundo turno da eleição presidencial. 

E esse fato é um agravante a mais a estimular o rompimento entre RC e Cássio na Paraíba.

Por isso, ter palanques fortes no Nordeste é estratégico para o PSDB e o lançamento de candidatura própria ao Governo da Paraíba é, certamente, a primeira e mais lógica opção do PSDB. Mas, se essa hipótese se inviabilizar por razões de ordem jurídica, os tucanos serão obrigados a negociar um palanque que dê visibilidade eleitoral para Aécio Neves. 

Esse palanque seria o de Ricardo Coutinho, apoiador de primeira hora de Eduardo Campos? Nacionalmente, o que ganham os tucanos com essa aliança.

O PSDB cometeu um grande erro em 2010, quando deixou José Serra sem palanque na Paraíba. 

Mas, como é por demais sabido, Cássio Cunha Lima, além de aliado político, é amigo pessoal de Aécio Neves. 

O destaque nacional que tem hoje Cássio em parte é devido à capacidade política do Senador paraibano, mas também se deve a ser ele homem de confiança do presidenciável tucano. 

Por isso, não devemos subestimar a importância que terá a eleição presidencial nas definições do PSDB na Paraíba. 

E uma aliança com o PMDB, além de enfraquecer o palanque de Dilma Rousseff na Paraíba, tirando-lhe importantes apoios, enfraqueceria Eduardo Campos já que deixaria o PSB isolado na disputa estadual, gerando uma irrefreável expectativa de vitória e de poder. 

Para quem anda cambaleante, um acontecimento desses poderia ser fatal para as pretensões do atual governador.

Acomodações


O principal problema para a aliança PMDB-PSDB é, sem dúvida, a acomodação futura de dois partidos que estiveram em campos opostos no estado e, em particular, em Campina Grande, nos últimos 16 anos. 

No caso de Veneziano Vital e Cássio Cunha Lima, os dois sempre estiveram em campos opostos desde que ambos entraram para a política. 

Por isso, não se trata de uma acomodação fácil, mas as alianças políticas são muito determinadas pelas circunstâncias e um grande acordo que envolva o Governo do Estado e, em particular, João Pessoa e Campina Grande, pode ser viabilizado, caso os envolvidos assim desejem. 

Vamos esperar pra ver.  

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