Em meio a uma intensa
agenda de contatos políticos e de viagens por todos o estado, o candidato a
governador do PMDB, Veneziano Vital do Rego, me recebeu ontem em João Pessoa
para uma conversa sobre a conjuntura e o futuro de sua candidatura.
Conversa
que foi interrompida diversas vezes, diga-se de passagem, para que o “cabeludo”
retribuísse os cumprimentos de eleitores, já que estávamos em um local público no
bairro de Intermares, em Cabedelo.
Veneziano se mostrou entusiasmado com o estágio de sua campanha e a boa
recepção que tem tido por onde passa Paraíba adentro. E não se furtou em
responder nenhuma questão que lhe foi apresentada.
Sobre a candidatura
Para Veneziano, antes de
discutir qualquer candidatura, é preciso evitar a “personalização” do debate
político para sejam enfatizadas as reais diferenças entre os postulantes a
qualquer cargo público.
Segundo ele, há hoje uma nítida ausência do debate
programático entre os pré-candidatos.
O ex-prefeito campinense fez questão de
lembrar que o PMDB foi até agora o único partido a debater os problemas da
Paraíba nos ciclos de debates promovidos pela agremiação por todo o estado:
“O
‘Pensando a Paraíba’ tem o objetivo de inverter a lógica que preside a
definição das candidaturas, colocando em primeiro plano o debate com a
população dos problemas e dos desafios da Paraíba e as possíveis soluções”.
Para Veneziano Vital esse é um diferencial, uma amostra que procura sintonizar
sua candidatura com os novos anseios da população por novas formas de fazer
política.
O candidato do PMDB está
convicto da necessidade da Paraíba ter finalmente um projeto de
desenvolvimento.
“É preciso pensar urgentemente as nossas potencialidades para
desenvolve-las. E cito um exemplo. Para o semiárido, é essencial que sejam
introduzidas novas políticas de convivência com a seca para evitar os desastres
sociais e econômicos que resultam de sua ocorrência.”
Veneziano destaca a
necessidade urgente de romper com a divisão que a Paraíba vive hoje, estimulada
pelo comportamento desagregador do governador.
“Como é possível unir a Paraíba
para atrair mais investimentos estruturantes desse jeito, com um novo conflito sendo
criado a cada dia? A gestação de qualquer projeto de desenvolvimento tem que
passar pelo diálogo, pela definição de objetivos comuns para todos os
paraibanos, independente de sigla partidária. E é o governador quem tem de ser
capaz de liderar, de unir, e não de desagregar.”
Sobre a Cássio
Veneziano não vê nenhum
problema no lançamento da candidatura do Senador Cássio Cunha Lima, a não ser
para o projeto de reeleição do governador Ricardo Coutinho.
Com a candidatura
de Cássio, Vital do Rego acredita que o mais provável será uma polarização
entre PSDB e PMDB, com o governador lutando a todo custo para entrar na disputa
do segundo turno.
“Com um quadro assim, com quais lideranças importantes
Ricardo conta realmente para apoiá-lo no interior do estado. Ora, o PMDB tem
uma estrutura partidária consolidada, com lideranças espalhadas pela Paraíba.”
Veneziano acredita que, quando Cunha Lima lançar sua candidatura, poucas
lideranças que hoje apoiam o governador manterão esse apoio. “Diante desse
quadro, o governador tem dois grandes problemas, hoje: João Pessoa e Campina
Grande. Em João Pessoa, RC vai penar muito para chegar aos 35% dos votos. Em
Campina, se chegar a 10% já terá sido uma grande vitória.”
A grande dificuldade
para a candidatura de Cássio continua sendo de ordem jurídica. Veneziano
acredita que o problema da inegebilidade continua a ameaçar as pretensões do
tucano de ser candidato a governador. “Será uma aposta.
Cássio pode sair
candidato, mas sempre sob a ameaça de não ter o registro da candidatura
homologado ou cassado antes da eleição.”
O peemedebista acredita que, para
ajudar a candidatura de Aécio, Cássio pode usar essa estratégia.
Perguntado
sobre a possibilidade de um acordo com o tucano caso ele não possa ser
candidato, Veneziano acha difícil de acontecer, mas não afasta a hipótese em
definitivo:
“Desde que o PSDB venha para o campo da oposição e esteja disposto
a discutir um novo projeto para a Paraíba eu não veria problemas. Mas, Cássio
precisa antes dizer claramente que não deseja a continuidade do atual modelo”.
Sobre a relação com o PT
Veneziano Vital
considera que as relações com o PT sempre foram de confiança. “Desde 2002
atuamos juntos na Paraíba. Realmente, nós tivemos problemas em 2012 em Campina
e em João Pessoa, mas eu acredito que isso já está superado, pelo menos de
nossa parte. Remoer os erros do passado não ajuda em nada quando temos desafios
bem maiores a enfrentar”.
Diante da reclamação de dirigentes petistas de que o
PMDB tenta conseguir o apoio do PT paraibano “por cima”, sem dialogar com o
partido no estado, Veneziano diz que tem mantido diálogos informais com
dirigentes petistas e que nunca se furtou a conversar com o PT.
“Eu mesmo já
tentei marcar várias conversas, inclusive em Brasília, na presença de
dirigentes nacionais do PT, mas nunca obtive retorno”.
Quanto às definições
“por cima”, Veneziano lembra que quem recorreu a isso no passado foi o próprio PT,
em 2010.
“Foi a Direção Nacional do PT que estabeleceu como condição a
indicação do candidato a vice na chapa para apoiar a candidatura do
ex-governador José Maranhão. Foi assim que Rodrigo Soares foi indicado. E o PT
sabe disso.”
Veneziano considera que o lançamento da candidatura de Nadja
Palitot não representa uma ameaça para sua candidatura.
“Não acho de todo ruim a
existência de três e até quatro candidaturas. Nas circunstâncias atuais, pode
ser até bom, desde que nos juntemos todos no segundo turno.”
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