A cidade de Patos completou essa semana 107 anos. Nela vivi até os 16 anos, quando me mudei com minha família para João Pessoa, em 1983. As secas intermitentes naquele Sertão caloroso e calorento me fizeram, desde muito cedo, aprender o significado da expressão "racionamento". Eram tempos difíceis, em que tínhamos que armazenar água para usá-la nos dias em que torneiras e chuveiros secavam.
Essa situação piorou depois que me mudei para João Pessoa. Os racionamentos passaram a ser quase que anuais e, a cada ano, e dependendo da intensidade da seca, mais dias o município ficava sem água. Até o fim dos anos 90 e nos primeiros anos do novo milênio, não era incomum a população patoense enfrentar 3 dias de racionamento por semana.
O impacto social desses acontecimentos é de uma amplitude cuja aferição é difícil medir, especialmente para os mais pobres, e só quem conviveu diretamente com eles pode entender a sua dimensão.
Além de tudo, tem o impacto econômico. Qual cidade consegue atrair investimentos econômicos se não há segurança de que o empresário contará com água, a mais elementar das condições que um município deve oferecer aos seus cidadãos?
Enfim, a cidade de Patos, cuja população hoje supera os 100.000 habitantes e vive incrustada em pleno semi-árido, não teria futuro se o problema do abastecimento d'água não fosse resolvido. Com a população aumentando, chegaria o dia em que não haveria mais como atendê-la.
Pois bem. Esse problema que se agravava a cada ano foi solucionado no ano de 2002 depois da construção do Sistema Adutor Coremas-Sabugi, que transposta água numa extensão de 270 km entre a Barragem de Coremas e a cidade de Santa Luzia, passando por Patos e mais 15 cidades daquela região. Uma obra que não é de pedra e cal, mas que tem, e continua tendo, um alcance social e econômico vital para os meus conterrâneos e familiares que ainda lá vivem. Desde então, nunca mais ouvi falar em racionamento de água em Patos.
Junto com Sistema Adutor Coremas-Sabugi, vários outros foram construídos por todo o estado, iniciando a criação de um sistema único de integração de bacias da Paraíba que permitirá o aproveitamento do potencial hídrico do estado e uma melhor distribuição de suas águas.
Esse exemplo pode mostrar bem uma característica importante dos governos Maranhão, e que certamente o diferencia do pragmatismo que vislumbra apenas o curto prazo que sempre foi a marca do cassismo: a visão de futuro, estratégica sobre o papel do Estado no desenvolvimento econômico, visão herdada da juventude nos quadros do varguismo.
José Maranhão deixará esse legado para a Paraíba, tendo iniciado em seus governos um trabalho essencial para o futuro do nosso povo, se é que um dia esse trabalho será concluído.
E o "campeão" de votos, Cássio Cunha Lima? Como será ele lembrado na posteridade? Qual a herança para o povo paraibano e campinense ele deixará, a não ser sua ficha corrida de delitos contra a administração pública? Deixará as relíquias dos cheques da FAC, dos dinheiros que ainda voam por aí, do familismo, do patrimonialismo?
Patos nunca soube reconhecer o papel de José Maranhão para solucionar o mais grave problema que a cidade enfrentou nas últimas décadas e cuja resolução foi decisiva para apontar novas e boas perspectivas para a cidade.
Mas ainda está em tempo.
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